segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A Precessão dos Equinócios e as Eras Astrológicas



Conhecemos bem dois dos movimentos da Terra – a Rotação (o giro da Terra sobre o próprio eixo) e a Translação (o giro da Terra ao redor do Sol). Porém o nosso planeta também possui outros movimentos, e aqui trataremos do movimento conhecido por Precessão dos Equinócios.  A Terra não é uma esfera perfeita, e sim um geoide, corpo esférico irregular. Essa irregularidade faz com que o movimento de Rotação não seja perfeito, ou seja, o Eixo da Terra não gira perfeitamente ao redor de si, mas sim executa um movimento parecido com a cabeça de um pião lançado ao solo por um moleque (ver figura abaixo).



Fig. 1 – O Eixo da Terra tem movimento circular, como um pião.

Se traçarmos uma linha imaginária conectando o centro do planeta com os dois Polos, teremos o que chamamos de “Eixo da Terra”. Prolongando a ponta deste Eixo, veremos que ele aparentemente aponta para as Constelações Zodiacais.
Segundo os astrônomos, o movimento aparente do Eixo retorna ao seu ponto inicial aproximadamente a casa 25.800 anos. Dividindo este valor por 12 (os doze signos zodiacais) veremos que o eixo aparente percorre cada signo do Zodíaco a cada 2.150 anos, aproximadamente. Este movimento é contrário ao sentido conhecido do zodíaco. Ao invés de Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, etc, o movimento é Câncer, Gêmeos, Touro e Áries.
E qual a importância da precessão dos equinócios para a Astrologia? Este movimento demarca o que chamamos de Eras Astrológicas, definindo grandes eventos que marcaram a história da humanidade.
Atualmente o eixo está se deslocando do signo de Peixes para o signo de Aquário (a chamada Era de Aquário). Não há data precisa para esta entrada. Alguns citam o ano de 1904. Neste ano foi lançado o Liber Al Vel Legis – O Livro da Lei, de Aleister Crowley, proclamando o início da Era de Horus.  Outros determinam o ano de 1945 como a data da transição, coincidindo com o final da Segunda Guerra Mundial. Outros ainda dão o ano de 1989 (Queda do Muro de Berlim). Mas é de senso comum que a virada do milênio e o início do século XXI marca a transição entre as eras de Peixes e Aquário.
Pelo tempo envolvido, não parece eficaz discutir detalhes. Vamos, portanto, pegar a virada do milênio e o senso comum para referência.
Levando-se em conta que, em média, essa transição ocorre a cada 2150 anos, teremos, portanto:

  •          2000 dC até 4150 dC – Era de Aquário
  •          150 aC a 2000 dC – Era de Peixes
  •          2300 aC a 150 aC– Era de Áries
  •          4450 aC a 2300 aC – Era de Touro
  •          6600 aC a 4450 aC – Era de Gêmeos
  •          8750 aC a 6600 aC – Era de Câncer


Vamos analisar cada uma dessas Eras buscando sua correspondência astrológica.

a)      Era de Câncer – 8750 a 6600 aC

Câncer é o signo lunar correspondente à mulher, maternidade, à família e à fixação a uma casa. Este período histórico está associado ao período conhecido como Mesolítico e ao Neolítico, quando surgem os caçadores-coletores.  A agricultura surge neste período, espalhando-se em 6000 aC e entre 8000 a 3500 fixam-se nas primeiras cidades conhecidas, como Ur e a Mesopotâmia. As primeiras cidades foram fundadas em conjunto ao nascimento do culto aos deuses Lares, o culto aos deuses familiares - sociedades matriarcais cujo culto ao ventre dava prestígio ás mulheres.  Também é dessa época o culto às divindades pagãs, regidas essencialmente pelas deusas lunares.  Assim, o surgimento (maternidade) o início das cidades (família) e a fixação a uma residência (cidades) que são as características deste período estão associadas ao signo de Câncer e suas representações. A maternidade e a mãe, outras características deste signo também estavam presentes, como podemos ver na representação  da figura 2.



Fig 2 – o culto à mulher e à maternidade é uma referência deste período

b)      Era de Gêmeos – 6600 a 4450 aC

Data dessa época, entre 4000 e 5000 aC o surgimento da escrita cuneiforme (em forma de cunha – figura 3). Também por este período surgiram os primeiro hieróglifos egípcios.  Também nesta Era de Gêmeos ocorrem as primeiras trocas comerciais, envolvendo produtos agrícolas e minérios como o ferro e o ouro. Grupos nômades encarregavam-se do deslocamento destes produtos pelo Crescente Fértil, garantindo o surgimento das bases do comércio.
Gêmeos é o signo ligado à comunicação e o seu regente é o planeta Mercúrio, associado ao Deus Hermes (comunicação, deslocamento e comércio). É o signo dos comerciantes e dos viajantes, ligado a deslocamentos comerciais. Novamente a associação fica evidenciada. Outro fator importante é que após a fixação e o surgimento das primeiras cidades proporcionada por Câncer, Gêmeos, associado sobretudo à civilidade, proporciona os primeiro entendimentos e relacionamentos da humanidade. Isso é o embrião do que será desenvolvido na próxima era, a Era de Touro.


Fig. 3 – Exemplo de escrita cuneiforme, surgida na Era de Gêmeos


c)       Era de Touro – 4450 a 2300 aC

Touro é um signo de terra e fixo. Isso significa que as qualidades como crescimento contínuo, constância, disciplina e paciência estão associados a este signo, assim como o poder, a riqueza e a beleza – aqui devido ao planeta regente, Vênus.
E será exatamente isso que veremos neste período.  Veremos o apogeu da civilização Egípcia, civilização que cresceu às margens do Rio Nilo com tendências territorialistas e com características que a coloca como o primeiro império da humanidade. Faraós suntuosos, como Ramsés, são figuras-símbolos deste reino, rico em bens, em cultura e em arte e que se preserva até os dias de hoje. A arte egípcia (fig 4), como as esculturas e a arquitetura até hoje são admiradas e respeitadas, e a estrutura social já era bastante complexa, bem como o sistema de trabalho e o comércio.


Fig. 4 – Arte egípcia. Nota-se a influência de Vênus, regente das artes e da beleza

d)      Era de Áries – 2300 a 150 aC

Áries é o signo que abre o zodíaco, é regido por Marte, o Deus da Guerra e é associado ao fogo – elemento expansivo, explosivo, líder e dominador. É o signo masculino por excelência.  E é exatamente neste período que veremos o surgimento do patriarcalismo suplantando o matriarcado e a ascensão de códigos de leis e conduta, como o Código de Hamurabi. Os primeiros exércitos (romano, grego, egípcio, fenício, cartaginês) surgem neste período.
Será, porém, por volta do ano 1300 aC que veremos surgir aquele que traria o maior símbolo do período. Um faraó egípcio decide combater os conselheiros ligados ao deus Amon e o seu poder e inaugura o culto ao deus solar (Aton) como único Deus possível. Este faraó (Akhenaton – fig. 5) é o responsável pela primeira ideia de unicidade Divina, e irá influenciar um jovem hebreu que sairá com seu povo do Egito conduzindo-os para a terra prometida sob a égide de Yheovah. Este Deus é retratado no Velho Testamento bíblico, e é um Deus vingativo, seletivo, raivoso e rancoroso, que não hesita em exterminar pessoas para que seu Povo Escolhido possa instaurar seu Estado e sua religião. Estas características estão associadas ao signo de Áries e seu planeta regente, Marte.


Fig. 5 – Akhenaton saúda o Deus Único, Aton

e)      A era de Peixes – 150 aC a 2000 dC

Peixes é o signo de ligação com a espiritualidade. É a consciência de que tudo está interligado. É regido pelo planeta supremo - Júpiter, e pelo senhor do sonho e da psicologia – Netuno. A comunidade é fundamental para este signo, mas este amplia suas noções também para a espiritualidade.
O grande avatar deste período foi Jesus Cristo, que se cercou de doze (!) discípulos em sua maioria pescadores (peixes). Um de seus grandes momentos foi quando multiplicou peixes para matar a fome das pessoas. Foi o pilar da fundação do Cristianismo – cujo símbolo é um peixe – e consequentemente da civilização ocidental moderna.
O próprio acrônimo da frase cristã Iēsous Christos Theou Yios Sōtēr (Jesus Cristo Filho de Deus) é ICThYS, palavra que - em grego - significa “peixe” (fig. 6).
Uma das características de Júpiter é a expansão (surgimento de vários países e descobrimento de vários continentes). E a riqueza (expansão do comércio e surgimento do mercantilismo e do capitalismo). Já Netuno rege a psicologia e a psiquiatria (sec. XIX) e principalmente ideologias. Este período é marcado de novas propostas, como o renascimento, o iluminismo, a Revolução Francesa, a Independência dos EUA e a Independência do Brasil e também marca a busca de homens livres (maçonaria, religiões e filosofias, rosacrucianismo). Até mesmo o período das Grandes Guerras teve por tema a liberdade.


Fig 6 – um dos símbolos do cristianismo

f)       A Era de Aquário – era atual

A era atual está em transição entre Peixes e Aquário. Há uma noção errada de que a Era de Aquário será marcada por visionários e espiritualistas, e o esoterismo finalmente ganhará espaço com a astrologia e o tarô. Porém estas não são características de Aquário.
Aquário é signo de Ar – simboliza o pensamento, a comunicação e a razão. Sua simbologia também abrange o sentido de comunidade e sociedade, e também é o signo mais inovador e tecnológico do zodíaco, marcado por um de seus regentes, Urano. O outro planeta regente, ou co-regente, é Saturno, relacionado à seriedade, às estruturas e ao conservadorismo. Isso dá características únicas ao signo, mas também à era que se inicia. Por um lado teremos a dissolução das fronteiras, das línguas e das moedas (União Europeia, Mercosul e outros blocos comerciais). Sentimentos de liberdade estarão exacerbados (dissolução das ditaduras e fim do bloco comunista) porém não sem luta, pois setores conservadores da sociedade sempre estarão fortes (saturno). Nos tempos atuais, somente no Brasil, podemos ver manifestações pela democracia paralelas a manifestações pedindo a volta do Regime Militar. Esta será a tônica dos próximos anos, principalmente enquanto a Era de Peixes não se findar por completo.
Mas o principal marco de Aquário é o planeta Urano. Este planeta rege a eletricidade, a eletrônica, a ciência, a tecnologia e a informática.
Não é preciso se alongar muito, pois vemos a Internet rompendo barreiras, fronteiras e legislações, sendo o grande símbolo desta era juntamente com a tecnologia, que está tão rápida, tão “elétrica”, que mal temos tempo de acompanhar seu crescimento vertiginoso.



Com este artigo demonstramos as influências astrológicas a cada 2000 anos. Para influências pontuais temos que analisar os planetas geracionais, que marcam gerações a cada meio século (Plutão, Netuno e Urano). Para enxergar características sociais temos que analisar os planetas sociais (Saturno e Júpiter). Assim teremos as marcas de cada sociedade ano após ano.


       Luiz Junior Astrologia
       luizjuniorastrologia@gmail.com