Muita gente que vem a São Paulo
visitar o majestoso Mosteiro de São Bento, no centro da cidade, tem se deparado
com um curioso desenho em uma de suas portas. Entalhado na madeira estão um
carneiro, um peixe e um vaso vertendo água.
A que se referem estes estranhos
desenhos? Há na Bíblia alguma referência a estas estranhas figuras?
Podemos dizer que indiretamente
sim, principalmente no contexto completo do Novo e do Antigo Testamento. Porém
é necessário abordar um assunto que une astrologia e astronomia para sua
explicação.
Estamos falando do movimento
conhecido como Precessão dos Equinócios e das Grandes Eras Astrológicas. O
carneiro refere-se a Áries, o peixe a Peixes e o vaso com água a Aquário.
Mas o que é Precessão dos
Equinócios?
Devemos retornar aos primórdios
da Astronomia, quando os cientistas acreditavam que o Universo era constituído
pela Terra como centro de tudo e que todas as estrelas e planetas bailavam ao
redor do nosso planeta. Assim, o Sol descrevia uma aparente trajetória ao redor
da Terra, a que se dá o nome de Eclíptica, e os demais planetas conhecidos
movimentam-se por esta eclíptica, separando uma porção do céu que cruza as doze
constelações do zodíaco. Com o passar dos anos, as sociedades terrestres
começaram a estabelecer o calendário de acordo com os ciclos zodiacais. O ano
passou a ter início no equinócio de primavera, quando também tem início o signo
de Áries.
Isso seria perfeito se os antigos
tivessem percebido que a Terra não é um geóide estacionário, mas que ela também
oscila, e uma destas oscilações é chamada de Precessão. A Precessão é uma
oscilação retrógrada lenta do eixo imaginário da Terra, que leva cerca de 26
mil anos para ser completada. Com isso, lentamente, a referência da Terra em
relação às estrelas é mudada. Assim, um ponto onde o sol nascia há 3000 anos
atrás não é o mesmo de hoje. Há mais de dois mil anos o sol nascia sim em Áries
no dia que marca o Equinócio de Primavera. Hoje, porém, ele não está mais em
Áries. Está fazendo a transição entre Peixes e Aquário. O movimento leva cerca
de 2125 anos.
A Astrologia adota a expressão
Grandes Eras Astrológicas para descrever este movimento, denominando o período
de acordo com a Constelação zodiacal que marca o Equinócio de Primavera do
período. Hoje, estamos na transição entre a Era de Peixes e a de Aquário. É
consenso entre os astrólogos tropicais que estas eras são importantes para determinar
a tônica de toda uma era.
Segue a lista das Eras
conhecidas.
·
Era de Câncer – 8000 a 6000 aC.
·
Era de Gêmeos – 6000 a 4000 aC.
·
Era de Touro – 4000 a 2000 aC.
·
Era de Áries – 2000 aC. ao nascimento de Cristo.
·
Era de Peixes – ano 0 a 2000 dC.
·
Era de Aquário –2000 a 4000.
Voltemos agora à questão das
portas do Mosteiro. Parece que nossos padres queriam descrever exatamente a
Precessão dos Equinócios quando esculpiram as portas do mosteiro. O Mosteiro
foi concluído apenas em 1914. É de se supor, portanto, que os projetistas e
sacerdotes já sabiam do movimento celeste. Mas por qual motivo colocar símbolos
que representariam justamente a precessão? Sabemos que a Igreja Católica
trabalha há milênios com expressiva simbologia, buscando sempre conexões com o
Divino. Portanto, é de se supor que também há uma simbologia contida nestes
desenhos.
Bem, já dissemos que o carneiro
representa o signo de Áries, o peixe, o signo de Peixes e o vaso representa
Aquário. Representam, portanto, as duas últimas grandes Eras astrológicas e a
próxima Era, a de Aquário. Mas onde poderíamos buscar informações que
justifiquem nossa hipótese?
Vamos encontrar as descrições das
eras a partir das descrições dos signos que o simbolizam.
Áries é regido pelo planeta Marte, o guerreiro. Isso faz com que o
signo assuma as características deste planeta, sendo, portanto, agressivo,
combativo, sanguinário, líder, militar. É signo ligado ao fogo, quente e seco,
sendo, portanto, viril, masculino, expansivo e enérgico. Áries também é um
signo cardinal, iniciador e líder. Migrando estas características para a Era,
podemos afirmar que esta era foi caracterizada pelo surgimento das primeiras
civilizações militarmente desenvolvidas, ao surgimento dos primeiros esportes e
ao advento das armas e metalurgia. É sabido que entre 2000 aC e o nascimento de
Cristo houve a evolução e consolidação dos primeiros grandes reinos e impérios,
como o Egito, Roma e as cidades-estado Gregas, marcadas sobretudo pela intensa
militarização e pelas campanhas militares que possibilitaram o surgimento de
impérios.
Peixes é regido por Netuno – ligado às artes, à poesia, à fantasia,
ao auxílio ao próximo, às drogas, à consciência e à psicologia – e por Júpiter,
que é benéfico, filosófico, religioso, expansivo, porém por vezes irritável e
belicoso. Portanto, este signo trará em sua simbologia estas referências. A
Era, portanto, será marcada pela presença de uma religiosidade profunda, por
vezes irascível, por vezes perseguindo outras religiões. Advento da Igreja
Católica, da Idade Média, da supremacia da Igreja sobre os costumes e a
sociedade, pelas perseguições sofridas pelos pagãos, ciganos e judeus.
Aquário é regido por Saturno e por Urano. Saturno simboliza as
estruturas sociais, a ordem, a sociedade, os contratos e a responsabilidade.
Urano representa as descobertas tecnológicas, a eletricidade, as comunicações e
as rupturas. Vemos, no intercurso das eras de Peixes e Aquário, o surgimento da
Internet, das redes sociais, das novas formas de comunicação e da união dos
países em uma Nova Ordem Mundial.
Mas o que isso tem a ver com a
Bíblia e com o Novo e Velho Testamento? Tudo. Basta uma leitura no Velho
Testamento e comparar com o Deus trazido por Jesus para perceber que há uma
profunda diferença entre os dois – o amor. O pai trazido por Jesus é amoroso,
perdoa, prega a irmandade entre os povos, prega a evolução do homem através da
fé e do amor. Jesus, mesmo na Cruz, pede que seu Pai o perdoe pelos atos dos
homens, ainda não preparados para a revelação. Perdoa Judas, o Traidor. Escolhe
doze apóstolos, e entre eles, vários são pescadores: André, Tiago e João
Zebedeu, encontra Filipe ao lado do Rio Jordão, o que dá indícios de sua
profissão, e Tomé, que é descrito muitas vezes como tripulante de barcos de
pesca. Jesus, em uma famosa passagem bíblica, Jesus divide cinco pães e dois
peixes para uma multidão. O símbolo usado por cristãos por milênios foi o
peixe.
Já o Antigo Testamento é marcado
pelos dez mandamentos, por uma noção profunda de um Deus que não perdoaria os
inimigos dos hebreus. Famosa é a intervenção de Deus contra os soldados do
Egito que perseguiram Moisés – ato impensável no Novo Testamento. Há uma noção
muito clara da necessidade de obediência. Há relatos famosos como o duelo entre
Davi e Golias. Por todo o Antigo Testamento vemos um Deus belicoso, guerreiro,
sanguinário, protetor dos hebreus contra tudo e contra todos. Um Deus da
vitória, do combate, do sangue, do ferro e do fogo. Um Deus ariano.
Fica aqui a pergunta: caso
fôssemos criar um terceiro testamento, qual seria a cara desta história?
Sabemos que as últimas décadas vêm revelando os famosos Evangelhos Apócrifos,
que vem causando uma verdadeira revolução nos meios religiosos. Também há o
ressurgimento de antigas religiões pagãs que ganham adeptos a cada dia mais, além
da cisão no próprio seio da Igreja de Roma, que a cada dia cresce mais. Estes
rompimentos, estas revoluções são características uranianas - sempre rompendo
para dar início ao novo. Junte-se à revolução das comunicações à tendência das
contra-revoluções e de se manter as bases antigas, típico de Saturno, e teremos
um vislumbre do significado do Vaso vertendo água às portas do Mosteiro de São
Bento, em São Paulo.