Por:
Luiz Junior
(Parte
do trabalho apresentado no CPG – Central de Pesquisas Gaia – em julho/2012 sob
o título “Astrologia e Ervas”)
Elementos
e Astrologia
Quando
começamos a estudar a questão da correlação planetária sobre as ervas, uma
dúvida surge: como a essência do planeta, um ente corpóreo inanimado pairando
no Universo, consegue penetrar em substâncias materiais na Terra e imprimir
suas características?
Pensando
neste assunto, percebe-se a necessidade de compreender a essência energética
planetária, ou seja, como a energia do planeta vibra e se expande formando suas
características primordiais bem como sua relação com o Fogo, a Terra, a Água e
o Ar. Encontramos algumas referências nas antigas questões das Qualidades
Primitivas na Astrologia, por onde chega-se à essência formada por Quente,
Frio, Seco e Úmido (Queiroz, 1989).
Qualidades
Primitivas, elementos e Astrologia
Mas
o que seriam estas Qualidades Primitivas? Segundo Queiroz (1989), estas Qualidades
Primitivas seriam movimentos de uma mesma energia. Esta energia, para o
autor, também é conhecida como Chi, Prana, entre outras de diversas tradições
místicas, esotéricas ou filosóficas.
Mas
como se dá esse movimento? Devemos partir do princípio científico de que tudo o
que existe e que vibra não está nas condições de zero absoluto (zero Kelvin ou
- 272 graus Celsius). Fora desta condição a energia se manifesta em ondas perfeitamente
mensuráveis através da frequência, da amplitude e do comprimento de onda. Será
através da infinita variação destas qualidades que se formarão as diversas
características de tudo o que existe. A sensorialidade humana consegue captar
apenas uma pequena parcela de toda a energia que existe. Como exemplo, temos o
som - ouvimos apenas o que está entre os ultra e os infra-sons - ou o famoso
espectro da luz visível, o das sete cores do arco-íris.
Vivemos,
portanto, em um mar energético imperceptível a nós. Mas agora voltemos às
questões das Qualidades Primitivas. Uma boa explicação sobre o assunto pode ser
encontrada nos pilares da Astrologia, principalmente na consideração dos
elementos primordiais – terra, fogo, água e ar – associados às suas quatro
características – quente, seco, frio e úmido.
De
acordo com as modernas teorias da física, todo o universo conhecido é formado essencialmente
por energia, que pode estar concentrada formando a matéria ou estar de forma
sutil, como a luz, por exemplo. Um feixe de energia, além de ser indestrutível,
ainda deve ser mensurado de acordo com o comprimento de onda, a vibração e o
sentido da mesma. A freqüência vibratória de componentes energéticos é que irá
formar as quatro características, que de forma harmônica e cíclica desenvolve
cada uma destas características.
A
energia primordial está concentrada, centrada em si mesma, sólida, densa e tensa.
Dizemos que a energia está fria, seca, concentrada. Após uma “explosão” inicial,
esta energia começa sua expansão, começa a se espalhar ocupando espaço, ficando
Quente e Úmida. Por um breve momento antes de iniciar a regressão, esta estabiliza
por um momento, ficando imóvel novamente. E assim por diante, pulsando de forma
a emanar todas as suas qualidades.
Assim
se formam os quatro elementos primordiais da natureza. No momento em que ela
atinge sua máxima expansão e estabiliza, esta é Quente e Seca, formando o Fogo.
Quando começa a retroagir, começa a esfriar e se moldar à nova condição, mas
ainda é Quente, embora já tenha sua plasticidade – Úmida. Estamos falando do Ar.
No limiar de sua concentração esta energia é imóvel, dura, seca, rígida. Fria e
Seca. A Terra. Num súbito desejo por movimento, expande-se novamente, aquecendo-se
e buscando maleabilidade em todos os sentidos. Ainda é fria, porém já está
úmida. Esta é a Água.
Terra,
fogo, água e ar. Carbono, Oxigênio, Hidrogênio e Nitrogênio. Os quatro elementos
básicos da natureza. A energia que forma todo o Universo, portanto, está presente
também em tudo o que nos cerca. Ou seja, afora o fato de que seja possível e
até necessário restabelecer a importância das qualidades primitivas na interpretação
da carta astrológica (Queiroz in Benedetti et alli, 2008), também é possível
estender esta análise para outros planos físicos, posição adotada pelo mesmo
autor (1989), quando este afirma que “esses tipos de movimentos existem nos
diversos planos da natureza (mineral, vegetal, animal e hominal). Num plano -
no vegetal, por exemplo -, algo pode
assimilar
o mesmo tipo de movimento intrínseco presente em outro plano, digamos, no
mineral. Esta interação entre os mesmos conteúdos (as mesmas classes de movimentos)
presente em diferentes níveis da natureza, é a base para todo tipo de correlação
existente entre os signos, os planetas, as cores, as pedras preciosas, as plantas,
os animais, etc., e é a base para os processos de cura, de estímulo e de sedação
de determinadas características do temperamento e do organismo humano através
da utilização de componentes dos outros reinos da natureza que não o humano (os
mais conhecidos são os metais, as pedras preciosas, as plantas e os perfumes).”
(Queiroz, 1989, p. 9).
Esta
posição é corroborada por Arroyo (2004) quando afirma que “os quatro elementos
da Astrologia (...) são os blocos básicos para a construção de todas as estruturas
materiais e todos orgânicos”.
O
próprio Gregório Queiroz mais tarde iria se referir a Qualidades Primordiais e
não mais a Primitivas. Segundo ele, Primitivo dá idéia de antigo e antiquado,
ao passo que Primordial dá a idéia de essencial. Isso foi dito por ele
no seminário Astrológica 2011 na Escola Gaia de Astrologia, em São Paulo.
Particularmente preferimos denominar Primordial, como o próprio Queiroz
justificou. Essa será a terminologia adotada a partir de agora.
Portanto,
a combinação destas Qualidades Primordiais gerará, entre outras coisas, as doze
energias básicas conhecidas como signos (Arroyo, 2004). Para ele, o que define
o signo é a combinação do elemento (Fogo, Terra, Ar e Água – derivados das Qualidades
Primordiais) com a modalidade (Cardinal, Fixo e Mutável), a que Arroyo define
como modo vibratório da mesma energia.
Em
“O Caibalion”, antigo tratado hermético que relaciona os princípios e leis que regem
o Universo, o 2º e o 3º princípios falam sobre a Correspondência e a Vibração,
respectivamente. Talvez o mais famoso princípio hermético seja o da Correspondência,
onde “O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como
o que está em cima”. Trata-se do conceito do Macro e do Microcosmo, onde há
correspondências entre todos os planos da Existência e da Vida. Esta é a origem
da Lei Universal e também nos faz pensar sobre a Energia Primordial relatada
mais acima, a que os hindus chamarão de Prana sendo passível de ser captada por
vórtices energéticos chamados Chakras e que as antigas escolas de mistério
entendem ser originados nos planetas (Arroyo, 2004). Para ele, “isso acontece
porque os planetas estão relacionados conosco por intermédio das mesmas ondas
de energia vibratória que existem, em estado latente, em nós e às quais
respondemos” (idem, p. 90). O terceiro princípio hermético trata sobre a Vibração,
que explica em muito tudo o que já foi dito acima, pois “nada está parado; tudo
se move; tudo vibra”.
Estas
explicações – não aceitas pela ciência tradicional, deve-se deixar bem claro – explica
como a influência planetária de Saturno – planeta distante 1 bilhão e 400 milhões
de quilômetros da Terra – pode chegar até um pé de Cáscara-Sagrada ou de
Beladona, por exemplo, tradicionais plantas associadas a este planeta.
O
Universo vibra o tempo todo, em todos os planos existentes, e essa vibração – pelo
Princípio Hermético da Correspondência – chega a todas as coisas existentes visíveis
ou não. Ou seja, as Qualidades Primordiais que formam os Quatro Elementos estão
presentes em todas as formas da criação, vibrando em uníssono com a fonte
original.
Arroyo, Stephen. “Astrologia,
Psicologia e os Quatro Elementos”. São Paulo:
Pensamento,
2004. 12ª edição (1975).
Culpeper, Nicholas. “Complete Herbal”.
Londres: W. Foulsham and co., 1954. 450
páginas.
Os três iniciados. “O Caibalion”.
Arquivo em PDF disponível para download pela
Internet.
Queiroz, José Pereira de.
“As qualidades primitivas na astrologia”. São Paulo:
Pensamento,
1989).
Queiroz, José Pereira de.
“As qualidades primitivas na interpretação da carta
astrológica”. In: Benedetti, V et alli. “Segredos e estilos”. São Paulo:
Edição do autor,
2008.
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