A renúncia de Bento XVI sob a ótica da Astrologia

A renúncia de Bento XVI sob a ótica da Astrologia

12/02/2013

 

Apesar de esta análise estar sendo feita um dia após o anúncio da renúncia do Papa – o que, com certeza, dará munição àqueles contrários à Astrologia (vão dizer “agora é fácil!”, o que, de muitas maneiras, está correto) – não deixa de ser um interessante exercício a análise não só do mapa de nascimento de Joseph Ratzinger como também sua história e as condições dos planetas que impulsionaram-no a tomar esta decisão.

O anúncio pegou muita gente de surpresa, embora após isso (!) pessoas ligadas a ele e jornalistas próximos tenham detectado o prenúncio da renúncia.

Joseph Aloisius Ratzinger, hoje com 85 anos de idade, nasceu em 16 de abril de 1927 às 4h15 da manhã em Marktl – Alemanha (Avelar e Ribeiro, 2005). Usando o sistema de casa Alcabitius, temos a seguinte configuração Natal:

 

 

Tendo como pontos principais:

·         Ascendente Peixes, com Júpiter e Mercúrio em Peixes e Urano e Sol em Áries na Casa 1 e 1 / 2

·         Signo solar Áries

·         Meio do Céu Sagitário

·         Lua em Libra na Casa 7

·         Saturno em Sagitário na Casa 9.

 

Ratzinger serviu, por força da Lei, à Juventude Hitlerista na adolescência, o que o levou a um imenso horror ao ver os nazistas assassinando pessoas com síndrome de Down em nome da purificação da raça ariana. Neste período foi prisioneiro de guerra.

Em 1951 é ordenado Padre, e também leciona em Bonn, Tübingen e Regensburg. Em 1977 foi nomeado arcebispo de Munique, depois cardeal e aos 78 anos é eleito Papa e passa a usar o nome de Bento XVI.

A análise astrológica indica as potencialidades pessoais, mas também esclarece eventos passados. A vocação à liderança religiosa de Ratzinger é vista em pelo menos três pontos de seu mapa natal.

 

Em primeiro lugar chama a atenção o Ascendente, Peixes. Peixes é tido como o arquétipo zodiacal mais conectado ao Todo, à Divindade, à paz entre os homens e à “glória aos homens de boa vontade”. Peixes na casa 1 – a casa do Ascendente - indica a necessidade de expressão visando a conexão entre todos os pensamentos, energias, pessoas, vontades e crenças. Mas não é só isso. O segundo ponto a ser analisado é a presença de Júpiter (para os gregos, Zeus – o Grande Deus do Olimpo) também em Peixes na casa 1, a casa da Personalidade. Júpiter é regente natural de Peixes, juntamente a Netuno, e nesta condição dizemos que está em Domicílio, ou seja, desempenha sua função com todas as forças. Junto a isso há Mercúrio, também em Peixes, indicando que em algum momento ele teria que desenvolver a facilidade da comunicação para as massas (mas a quadratura quase exata com Marte em Gêmeos na Casa 4 indica certas restrições na comunicação e uma fala não muito empática, quase agressiva – fato reproduzido em várias mídias,  mais especificamente na Folha de São Paulo ao afirmar que Bento XVI é “reservado e pouco carismático” - com certeza preferindo se dirigir aos próximos que à multidão).

 

 

 

Outro ponto fundamental para compreender sua vocação espiritual é reforçada pela presença de Sagitário no Meio do Céu, característica da vocação natural. Sagitário (como Peixes) também é o arquétipo zodiacal indicador da espiritualidade. Tanto que Júpiter rege Peixes mas também rege Sagitário. Também em Sagitário, mas na Casa 9, encontra-se o Senhor do Carma, Saturno, também chamado de O Velho – conservador, reacionário, também representa estruturas sociais profundamente arraigadas. Isso reforça sua imagem de conservador, imagem reforçada pelas suas posições ante a ordenação de mulheres, à homossexualidade (que ele afirmou ser uma “violação da ordem natural”) e quanto ao uso de preservativos. Segundo o jornal Folha de São Paulo, ele atacou a decadência moral do homem e da igreja.

Porém algumas de suas atitudes fogem a esta regra.

Ele introduziu o uso de novas tecnologias no papado, como o Twitter – considerava as mídias sociais uma “grande oportunidade” - e também fez visitas inéditas, como quando rezou ao lado do grão-múfti da Turquia, na Mesquita Azul de Istambul, em novembro de 2006, visitou vítimas de abuso sexual nos EUA em 2008, visitou os territórios palestinos, Israel e Jordânia condenando as tentativas de negação do Holocausto e visitou os representantes da Igreja Anglicana em 2009. Também tratou da renovação da doutrina da Igreja pregando o diálogo com as diferenças, através das encíclicas Deus Caritas Est (2005); Spe Salvi (2007) e Caritas em Veritate (2009), quando pede e prega o amor, a esperança e o “desenvolvimento humano integral” – símbolos de um ascendente em Peixes. Em Colônia, Alemanha, visitou sinagogas. Ao mesmo tempo, não falou do antissemitismo cristão e também citou que o Islã é “violento” – e pediu desculpas em discurso voltado a vinte países islâmicos.

 

 

Alterou as missas, permitindo que algumas exclusivamente em Latim fossem celebradas na língua comum.

Esta aparente contradição em seus atos (em certos momentos, conservador, em outros, liberalista) é explicado em dois conjuntos em seu mapa natal. Ratzinger tem Saturno na casa da Religião e no signo da espiritualidade, trazendo conservadorismo profundo dentro do seio religioso que o acolheu. Mas a sua essência é marcada pelo Sol em Áries em conjunção por signos inteiros a Urano (também em Áries), marcando uma personalidade criativa, moderna, voltada aos assuntos atuais, dinâmico e, sobretudo, que não fica parado. Urano rege as novas tecnologias e a eletricidade, mas também rege a independência, a inovação, a criatividade e as alterações bruscas de comportamento, o que, em Áries, motiva comportamentos inusitados.

Isso justifica a capa dos jornais de hoje, como o da Folha de São Paulo “Joseph Ratzinger, 85, surpreende e aponta falta de ‘Vigor do Corpo’”, e outras, como o argentino Clarín – “Personalidades de todas las nacionalidades y religiosos de todos los credos se mostraran sorprendidos y emocionados”. Não temos mais dados sobre comportamentos inusitados do futuro ex-Papa, mas a sequência de atos aparentemente contrários e a repentina renúncia denunciam um embate entre Saturno e Urano, trazendo a mitologia romana para os dias atuais.

Seu papado, porém, ficou marcado por escândalos poderosos, como o vazamento de informações pessoais e do Vaticano ( o “Vatileaks”) e as denúncias de pedofilia entre o corpo eclesiástico.

 

A renúncia

 

A reportagem da Folha de São Paulo de 12/02/2013 traz no Caderno Especial o título “‘Cercado de Lobos’, Bento XVI anuncia a sua saída”, citando fontes do próprio Vaticano (jornal “L’Osservatore Romano” – jornal oficial do Vaticano). Segundo esta fonte, ao anunciar sua renúncia “O Pastor se rendeu aos lobos”. A explicação oficial, segundo a reprodução na íntegra da carta de renúncia, é a de que ele se sente velho e cansado, não mais propício a prosseguir sua vida na Igreja.

Será a verdade? Longe de afirmar que Bento XVI está faltando com a verdade, vamos avaliar os trânsitos planetários para 2013 segundo o Mapa Astral de Joseph Ratzinger.

A presença de Saturno transitando por Escorpião entre as casas 8 e 9 do mapa natal dele sugere forças ocultas se tornando evidentes, e não podemos nos esquecer que Saturno rege a casa 12 dele, abrindo em Aquário, representação dos inimigos ocultos. O trânsito de Saturno se aproxima da Casa 9 e da conjunção com o Saturno Natal, ou seja, os inimigos ocultos no seio religioso tornariam insuportável sua continuidade como chefe supremo da igreja. Junte-se a isso o trânsito de Urano em Áries desde meados de 2011, se aproximando de uma perigosa conjunção a Urano Natal (aquele das decisões precipitadas) e ao Sol Natal (a própria alma de Ratzinger). Estas posições inicialmente sugerem reformas internas profundas e radicais, o que é sustentado pela matéria no jornal ao afirmar que, cada vez mais, ele estava isolado pelo afastamento de seu corpo de colaboradores de confiança, como o arcebispo Carlo Maria Viganò – que denunciou a corrupção no Vaticano, e Ettore Gotti Tedeschi, homem de confiança presidente do Banco do Vaticano e vítima de uma campanha de linchamento moral conduzido pelo cardeal Bertone, o mesmo que transferiu Carlo Maria Viganò para os EUA.

Esse desejo de reforma, ao ser bloqueado pelos “lobos”, se transferiu ao lado sombrio de Urano, resultando em uma decisão extrema que pegou a todos de surpresa. Junte-se a isso o fato de a essência do mapa dele ser Fogo e temos o combustível necessário para compreender o ocorrido.

Ao mesmo tempo, Marte – o grande “gatilho” cósmico – transita hoje também em Peixes, fazendo conjunção à cúspide do Ascendente neste momento trazendo o gatilho necessário à renúncia, que já deveria estar sendo pensada desde o início de 2012.

Recomendo também a leitura do artigo Astrologia e a Igreja, que pode ser encontrado no blog http://luizjuniorastrologia.com.br para compreender a estranha relação entre a Igreja Católica e a milenar arte da Astrologia.

 

O autor

Luiz Junior é Astrólogo desde 2011. Formado em Geografia pela Universidade de São Paulo, escreve artigos sobre Astrologia e Tarô em seu blog http://luizjuniorastrologia.blogspot.com.br e trabalha com aconselhamento astrológico, previsões através de revoluções, predições, progressões e trânsitos, com astrologia horária, astrologia clássica e astrologia eletiva. É autor do trabalho de pesquisa “Astrologia e Herbalismo” e também - sob o pseudônimo de Joseph L. L. Junior - é autor da série A Maldição Atlante, cujos dois primeiros livros (O Templo da Magia e O Livro de Luaror) podem ser encontrados nas melhores livrarias e também em e-book pela Amazon Brasil.

 

Dados para consulta

 

Avelar, Helena e Ribeiro, Luís. “Habemus Papam – o horóscopo de Bento XVI”. Lisboa: AEA, 2005. Secção Actualidades.

Folha de São Paulo, 12 de fevereiro de 2013. Caderno Especial Transição na Igreja.

http://vizionbr.com.br/blog/2012/vaticano-intensifica-acoes-do-papa-bento-xvi-no-twitter-durante-a-quaresma/

http://www.snpcultura.org/acao_bento_xvi_marcada_pela_renovacao_doutrina_igreja_dialogo_dperiferencas.html

www.netpapers.com